segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

como nos livros

é claro que ia dar errado! o romance tinha começado como começam os romances dos livros de romance: eu olhei pra você e me apaixonei à primeira vista e você nem sabia da minha existência.. alguns namoros depois, nos encontramos e, sabe-se lá se por solidão ou diversão, surgiu um interesse seu por mim. e no capítulo 4 do nosso livro, tudo começa a soar como um livro de romance de verdade. você falava muitas palavras que me interessavam e eu tinha ideias que pareciam ter sido tiradas de sua própria a cabeça, coisa de louco isso! e havia tanta música entre nós, tantos livros, tantas frases, tantas conversas e olhares.. às vezes me pergunto quem eu seria agora se não tivesse voltado aquela manhã ao som de James Morrison pra te encontrar no parque e ver o sol da manhã deitada em seu colo, abrindo páginas aleatórias de um livro de Drummond e discutindo o que aquelas frases nos faziam sentir, sem ter a minina idéia de estávamos sim sendo os personagens de um romance entitulado: hoje, amanhã e depois. às vezes não queria ter voltado aquele dia.. às vezes queria que aquele dia voltasse.. às vezes queria não ter feito parte dessa história, às vezes queria que nosso livro tivesse um milhão de páginas e, na maioria das vezes, agradeço por ter sido essa a história que me transformou em quem sou hoje. eu quis tanto, tanto ter um amor como nos livros! mas.. o que acontece com os personagens depois que o livro acaba? será que continuam suas vidas normalmente como se aquele livro fosse suas próprias vidas? será que suas vidas são congeladas no exato momento do desfecho? será que cada leitor inventa o final que quiser pra cada personagem? eu sou personagem ou leitora? fico confusa porque meu personagem teve um fim e eu, leitora, insisto em criar e recriar diferentes fins para aquele meu eu-personagem que viveu a história de amor que eu-leitora sonhava em viver! 

domingo, 19 de janeiro de 2014

o eu-você-espelho

por muito, muito tempo eu acreditei que a pessoa que eu enxergava quando olhava no espelho era você. nunca soube a verdadeira verdade. pode ser que tudo não se passava de uma invenção da minha mente, não da pra saber. é fácil confundir espelho com ilusão. e pode ser que você realmente estivesse ali do outro lado do espelho, se passando por mim. eu gostava daquela imagem que se parecia comigo e ao mesmo tempo era tão você! e eu fazia de tudo para não desapontar o espelho. até que um dia você me mostrou quem eu realmente era, sem usar espelhos. e eu me tornei outra pessoa, abandonada pelo você do espelho. e continuo sem saber quem foi que me ajudou, se eu mesma ou você-eu-espelho. talvez minha mente tenha inventado tudo isso. talvez fosse isso que o espelho quisesse me mostrar esse tempo todo: que não há você em mim, que não há você. mas sinto saudade daquele você do espelho e me pergunto sempre que vejo meu reflexo: quanto de você restou em mim?